
O clima político entre o governo Lula e o Congresso Nacional voltou a azedar nesta semana. Após o despacho do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as chamadas emendas parlamentares paralelas, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), fizeram um alerta direto à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann: “Vamos parar tudo”.
A declaração foi um aviso claro de que as pautas de interesse do governo no Legislativo podem ser bloqueadas caso não haja mudanças imediatas na condução da articulação política e na liberação de recursos.
Descontentamento com execução orçamentária motiva ofensiva
Segundo líderes do Congresso, o governo não liberou nenhum recurso em emendas individuais para deputados e senadores no Orçamento de 2025. A falta de execução orçamentária, somada ao despacho de Dino — que normalmente aria despercebido em um cenário menos conturbado — foi o estopim para o descontentamento.
Em resposta, Motta e Alcolumbre decidiram endurecer a postura, em uma clara tentativa de pressionar o Planalto. Parlamentares relatam que a ideia é “colocar a faca no pescoço” do governo, exigindo maior compromisso com a agenda política dos congressistas.
Governo corre para conter crise com o Legislativo
Diante da ameaça, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), cancelou reunião com os vice-líderes e foi ao Palácio do Planalto. Lá, Gleisi Hoffmann convocou uma reunião de emergência para tratar da nova crise de articulação.
Ao mesmo tempo, Hugo Motta ou a tarde em conversas reservadas com líderes do Centrão, buscando alinhar um movimento de pressão mais coordenado.
Cooperação com Haddad vira incerteza diante de novas tensões
Até o último domingo, o clima ainda era de colaboração entre os presidentes das Casas e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em torno da pauta do ajuste fiscal. Contudo, com os recentes desentendimentos, a sinalização agora é de ruptura.
A principal medida em risco é a medida provisória que visa desfazer partes do decreto do aumento do IOF e encontrar novas fontes de arrecadação. Motta e Alcolumbre indicam que, sem contrapartidas claras, o Legislativo não dará andamento à proposta.